A primeira lesão


Até aqui não sabia o que era uma lesão. 

Corria há mais ou menos 4 meses. Aliás, achava que corria e entretanto percebi que me movimentava há 4 meses, correr é mais do que isso. Qualquer velhote de bengala me ultrapassava enquanto eu achava que corria a uma velocidade estonteante.

Esta perceção sobre a minha velocidade fez-me querer melhorar a este nível. Queria (e ainda quero) correr a sério! Em todo o lado que passava, sentia que olhavam para mim e pensavam algo como «Que novo exercício é aquele? Será caminhada em câmara lenta?». 

Acontece que nestes primeiros meses havia algo que me acompanhava em TODOS os treinos. Tipo lapa agarrada à rocha. Imaginem aquela música:

"Bacalhau sem natas
Bife sem batatas
Sou eu assim sem você!"

Era isto que a dor de burro cantava para mim cada vez que me fazia à estrada. Não havia um único treino em que pudesse simplesmente esquecer-me dela porque, mais cedo ou mais tarde, ela faria questão de se mostrar mais presente do que nunca. Claro que naquele treino que não sabemos explicar isto não aconteceu porque, como vos contei, correu tudo tão bem que possivelmente corri mais rápido que a dor! :)

Bom, como queria melhorar a minha velocidade tinha de encontrar formas de me livrar da dor de burro. Ainda que não conseguisse eliminá-la por completo, pelo menos arranjar estratégias de evitar e/ou recuperar mais facilmente. Eu já tinha tentado de tudo: inspirar pelo nariz e expirar pela boca; respirar pelo abdómen em vez do tórax; inspirar uma vez e expirar várias; mais outras tantas que já nem me lembro. Possivelmente só excluí aquelas radicais em que teria de deixar de respirar ou levar uma garrafa de oxigénio. Até que me deparei com um novo estratagema (testado cientificamente pelo Google) que dizia que a dor de burro se evitava se expirássemos pela passada esquerda.

«Ok! Vou tentar! Mal não deve fazer.»

Mas isto não é fácil meus amigos, nada fácil! Já não basta correr ofegante, aguentar as dores musculares, ter atenção à estrada, desviarmo-nos de pessoas, calhaus e crateras que por vezes encontramos, subir e descer passeios, controlar a respiração, conferir o relógio para nos mantermos constantes... E heis que tenho ainda de expirar pela(s) passada(s) esquerda(s). Podem adivinhar o que aconteceu: acabei o treino a coxear porque, possivelmente, o impacto sobre a perna esquerda foi bastante superior. Hoje percebo que aqueles dois rapazes encostados a um carro que sorriram ao me ver passar não me estavam a galar, estavam a gozar com uma coxa a passar!!

Iniciei a toma de anti-inflamatórios mas, nos treinos seguintes, senti sempre um ligeiro desconforto na anca (hoje e após alguns exames já sei que passei por uma tendinite com edema na anca) o que me fez abrandar muito na distância. Cada vez que passava dos 3 ou 4km as dores tornavam-se demasiado fortes para continuar.

Qual o maior problema desta lesão? Tinha agendada a Corrida Saúde + Solidária para dia 7 de Maio e estávamos no início de Abril, tinha um mês para recuperar. E como eu queria fazer esta prova! Seria a primeira de 10k e nada me ia fazer desistir dela. Mas seria o melhor a fazer?



A resposta e o rescaldo da prova no próximo artigo :)

Comentários

  1. Nunca tinha ouvido essa estratégia recomendada pelo Dr. Google. Eu só deixei de ter dor de burro quando consegui controlar a respiração. Lesões são uma chatice do caraças. Deixa cá saltar para o próximo artigo para ver como correu.

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    1. O Dr. Google não é de confiança! Felizmente agora as dores de burro já não me visitam com a mesma periodicidade. Nos últimos 2 meses, mais ou menos desde que regressei da lesão, já praticamente não as sinto. Às vezes parece que está a chegar e, quando dou por ela, já foi sem se fazer sentir :) Mas, pensando naquilo que dizes sobre controlar a respiração, faz sentido porque agora já corro sem "pensar na respiração", ou seja, já se torna algo natural.

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