E se me casar com Sintra?

Sintra: outra vez por cá?
Fabiana: não aguentava as saudades...
Sintra: minhas?
Fabiana: de tudo o que te envolve.
Sintra: mesmo nos dias em que sou fria contigo?
Fabiana: até nesses aqueces o meu coração.
Sintra: e quando não deixo que me observes plenamente?
Fabiana: deixas que encontre a beleza minimalista.
Sintra: e quando coloco obstáculos no teu caminho?
Fabiana: fazes-me estar atenta aos pormenores.
Sintra: e quando te obrigo a escalar ladeiras imponentes?
Fabiana: aguças a minha determinação em chegar ao topo.
Sintra: juras fidelidade?

Sintra quer um compromisso. Eu já me sinto comprometida. 

Mais uma quarta-feira. O M. estava recuperado e, por incrível que pareça, conseguimos juntar 8 elementos para esta aventura:

Antes da partida, frescos e fofos!

Como habitualmente já tínhamos um percurso delineado pelo M. de aproximadamente 8km, com D+200. Não era dos mais difíceis até porque alguns de nós não estão habituados a correr em Sintra e, outros, não estão sequer habituados a correr com regularidade. 

Passei a tarde a dizer às duas colegas de corrida que trabalham no meu departamento para não nos esquecermos de comer a banana antes de arrancarmos para Sintra. As pressas nunca são boas aliadas e só nos lembrámos quando parámos em S. Pedro, antes de nos juntarmos em dois carros e seguirmos para os Capuchos. Claro está que não contámos com tanta curva e contracurva pelo que chegámos mais enjoadas que outra coisa. Ainda assim não é um enjoo que nos demove.

Partimos a um ritmo confortável em direção ao Miradouro das Sequóias onde já tinha estado antes e que, nessa primeira vez, até deu belas fotos como esta:


Esta primeira parte do percurso foi sempre a subir. Aproveitei para me juntar ao "pelotão da frente" uma vez que quero aproveitar todas as oportunidades para treinar a minha força muscular. Pouco depois do início começo a ouvir um som familiar. Pi, pi, pi, pi... Não queria acreditar! Era o relógio do E., marido da C. que me acompanhou na Corrida Saúde + Solidária. Julgo que no relato dessa prova não vos falei deste pormenor mas não há dúvidas que ele ficou bem gravado na minha mente: o relógio do E. emite um som sempre que o nosso ritmo está abaixo daquilo que estipulámos inicialmente para o treino, ou seja, na corrida que fiz com a C. ele programou a média para 6:40min/km. Ora, se consegui há poucos dias o meu record nos 10km a 6:40min/km, podem imaginar que nessa prova (e juntando a lesão da anca) fui o caminho todo com a C. e o pi pi pi pi ao meu lado! O desespero só não foi maior porque a dor na anca era bem pior. Mas, voltando a Sintra, o E. estava na frente comigo e, pasmem-se, decidiu programar o ritmo no relógio para 6:45min/km e, para piorar, depois de iniciar a corrida não consegue mudar nem desligar! Obviamente que ele se confundiu com as suas experiências de bike e achou que iria conseguir fazer aqueles trilhos a correr (e a subir) à mesma velocidade. Ingénuo! Conclusão: fomos o caminho todo a ouvir o pi pi pi pi do relógio porque, obviamente, não somos lebres nem fazemos parte dos Salamandrecos (ainda!).

A subida até ao Miradouro não foi fácil. Impus um ritmo bem mais elevado do que da primeira vez que lá fui e tentei aguentá-lo ao máximo. Voltei a passar por paisagens fantásticas que me fazem suspirar e quase dizer o 'sim'. Estava muita humidade e nevoeiro e já temíamos o que aconteceu:

Chegados ao miradouro a paisagem era uniforme e branca

Não estivemos no Miradouro mais do que 2 minutos tal era o frio que se fazia sentir. Se até ali suávamos de calor bastaram uns segundos debaixo daquele vento, nevoeiro e humidade para nos arrepiar. Decidimos regressar de imediato e aproveitar o facto da segunda metade do percurso ser praticamente sempre a descer. E aqui excedi-me e acabei por colocar em causa a minha participação na Meia Maratona. Trilhos a descer desafiam a nossa velocidade e, obviamente, o risco de lesão é muito maior. A meio da descida acabei por torcer um pé e, ainda que a dor não fosse muito forte, sabia que estava quente e era natural não sentir grande coisa. Só no dia seguinte veria o real estrago e isso acabou por me deixar algo ansiosa por uns metros. Se fosse em estrada ficaria nervosa durante uns bons quilómetros, como estava em Sintra esqueci logo de seguida. Querem melhor prova de que estou realmente apaixonada? :)

Nesta segunda metade do treino eu, o E. e a C. fomos à frente e acabámos por chegar ao ponto de partida uns minutos antes dos restantes elementos. A C. não corria a sério desde a nossa corrida em Maio mas, ainda que com alguma dificuldade nos pulmões e uma dor de burro constante, aguentou-se firme connosco. Eu e o E. aproveitámos os últimos 300/400m para um sprint final e, chegados ao carro, ele ainda me desafiou para um último quilómetro enquanto esperávamos pelos restantes. A C. ficou-se por ali e lá fomos nós para mais uma mega subida e, claro está, uma bela descida.

No fim do treino o resultado foi ótimo para Sintra:


Até há bem pouco tempo este era o ritmo que fazia em corridas planas pelo que só posso estar satisfeita com a minha evolução. Trouxe os dois pulmões comigo, prova do sentimento que Sintra também nutre por mim. Quem ama também liberta, diz-se. 

No fim, todos vivos!

Quanto ao tornozelo no dia seguinte não senti absolutamente nada até chegar a casa depois de mais um dia de trabalho. Ou seja, quase 24h depois senti uma pequena dor que me obrigou a cuidados extra (gelo e reumongel) e a descanso forçado para salvaguardar o longo do fim de semana.

Este susto serviu pelo menos para me conscientizar que, para bem da minha prestação na Meia Maratona, talvez seja melhor "dar um tempo" a Sintra e salvaguardar-me de eventuais lesões. Não quero deitar por água abaixo todos estes meses de treino.

Mas, como tantas vezes acontece, quem sabe se as saudades fortalecem ainda mais o nosso amor! :)

Comentários

  1. Podes jurar fidelidade a Sintra... Sintra pode jurar fidelidade a ti... mas também a muitos mais pois Sintra tem muitos amantes :)

    Muita força para os últimos treinos rumo ao Porto!

    Beijinhos e continua sempre assim a correr em prazer

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    Respostas
    1. Ahahahahah o que me ri com a tua resposta, João!

      Acho que o sentimento é forte o suficiente para aceitar partilhar Sintra com todos os outros amantes :)

      Obrigada e bons treinos para ti também!

      Beijinhos

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  2. Tu já estás casada com Sintra.
    Sintra por seu lado tem vários amantes e tens que aceitar partilhá-la com todos.
    Trouxeste dois pulmões, mas - como habitual - deixaste lá o teu coração.
    Beijinho!

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    1. Mau! Isto é que é insistência em como Sintra não será só minha! Já percebi e vou partilhá-la convosco também! :P

      Deixei lá um pouco de vários sentimentos emitidos pelo meu coração :)

      Beijinhos!

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  3. Tão bom! Parabéns por mais um treino :)

    Um dia, hei-de voltar a Sintra... Lá para Dezembro, quando começar a pensar no Fim da Europa! Ahahahah! :)

    Espero que o tornozelo já esteja curado!

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    1. Um dia combinamos um treino por lá. Depois da meia vou começar a treinar para o Fim da Europa também! :D

      Tudo ok com o tornozelo :)

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  4. Adorei esta publicação e a parte inicial está muito boa!

    Foi um excelente treino e com um ritmo muito porreiro (nada comparado com o nosso ahahah), claro sempre com direito a fotos muito giras e desta vez com um grupo grande!!!

    Agora... menina Fabiana faça favor de não se partir toda antes da Meia Maratona :)

    Beijinhos e bons treinos sem acidentes!

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    Respostas
    1. Foi um pedido de casamento muito romântico da parte de Sintra! :D

      Mas atenção que nós fizemos 400+ de elevação, aqui foram só 200+. Continuo a achar que estivemos muito bem no nosso treino!

      Vou seguir o teu conselho à risca, prometo! :)

      Beijinhos e bons treinos!

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